“O balanço é extremamente positivo, não só pelo elevado número de confrarias aqui presentes de diversas regiões da Europa e de Macau, como também pela promoção que fazemos de Albufeira. Mais de 600 pessoas tiveram a ocasião de apreciar as nossas paisagens, a nossa gastronomia, tradições e cultura, e são muitos os que dizem que vão regressar. É uma prova de que Albufeira continua ativa também na chamada época baixa. Creio que o resultado não poderia ser melhor, estão todos muito satisfeitos”, disse o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo que ontem se despediu, após um almoço no EMA - Espaço Multiusos de Albufeira, de centenas de confrades e confreiras oriundos de 207 confrarias vínicas e gastronómicas de Espanha, Itália, França, Grécia, Bélgica, Hungria, Macau e Portugal.
O almoço ofereceu diversas especialidades algarvias, como carapau alimado, cenoura algarvia e outros acepipes por entrada, seguidos pelo tradicional grão com batata doce e carnes, fazendo a delícia dos comensais, e terminando com miniaturas demonstrativas dos doces da região, e tudo acompanhado com vinho Barrocal. O Rancho Folclórico de Albufeira animou o momento e explicou trajes e modos de vida de antigamente. Os aplausos que se seguiram foram para o cante alentejano, a cargo do coro da Casa do Alentejo em Albufeira. Não foram os únicos: para se despedirem, os andaluzes da Cofradia Gastrónomica “Los Esteros”, também cantaram o hino ao prato que domina a confraria, “tortilhitas de camarones” e oferecem à organização deste congresso uma réplica em miniatura da porta de San Fernando, município de Cádis, onde está sedeada a confraria.
Se São Fernando foi lembrado, São Bartolomeu dos Mártires foi por todos aclamado na missa da manhã, na Igreja Matriz de Albufeira, dado ter sido ontem a canonização do português Frei Bartolomeu dos Mártires, decidida pelo Papa Francisco. Com eucaristia celebrada pelo Pároco de Albufeira, Pe. Flávio Martins, houve também um momento de bênção dos estandartes e de seguida, após a fotografia de conjunto, desfilaram pelas ruas de Albufeira, acenando e sorrindo aos turistas e residentes que os surpreendiam com fotografias.
“Longa vita a Portugal!”, foram as palavras do Presidente do CEUCO, Carlos Martín Cosme, demonstrando a sua gratidão pela colaboração e cordialidade da “Confraria dos Gastrónomos do Algarve, na pessoa de José Manuel Alves, do secretário de Estado das Pescas, José Apolinário e do presidente do Município de Albufeira, José Rolo”.
Com a promessa, “sem dúvida”, de regressar, este responsável avançou ainda que “a seriedade com que Portugal trabalha as questões que dizem respeito aos seus interesses históricos, são demonstrativos do espírito português, que é o do Império” e se Portugal é considerado por ter “uma das melhores cozinhas do mundo”, deve-se “à qualidade intrínseca dos portugueses que é o de serem exímios na navegação e no bom contacto com outros povos”.
Por seu lado, José Manuel Alves, mostrou-se “muito satisfeito. É o terceiro congresso Europeu que faço no Algarve, desde 2009, e este foi o que teve uma maior expansão. Nesta edição, tivemos o dobro das dormidas que tivemos em 2011”, avançou o Grão-Mestre, presidente do comité organizador e autor do mais antigo sítio online de gastronomia, o “Gastronomias” de Portugal, desde 1996. “Foi muito gratificante este desafio, porque era um objetivo ultrapassarmos as mil dormidas e assim foi. Só não vieram mais confrarias porque tínhamos um limite de lugares de sala para o Jantar de Gala. De resto, muitos dos aqui estão presentes, vieram para Albufeira há mais de uma semana e 38 deles, todos italianos, só vão embora no próximo dia 13”, disse José Manuel Alves.
E foi assim, em ambiente de amizade e boa disposição, que Albufeira se despediu de três dias de homenagem à tradição da mesa europeia, ficando na memória de todos os queijos azuis das Astúrias, os peixes portugueses, as tortilhas de camarão de Cádis, a cozinha tradicional grega com os seus peixes secos e iogurtes, a cozinha dita de “fusão” de Macau, os vinhos de “alta expressão” franceses, a cerveja mais notável da Bélgica, com a receita do ano de 1850 feita pelos monges, bem como as diversas iguarias portuguesas, doces e salgadas e os “magníficos” vinhos de Portugal.
Para além disso, ficou também o sabor dos rebuçados de violetas de Toulouse, cuja proprietária da única fábrica destes rebuçados, Madame Claudine Couderc, nascida na passada década de 30, nunca faltou a um dos congressos do CEUCO, tendo sido uma das presenças mais acarinhada neste congresso em Albufeira.