Eram 3:42 da madrugada do dia 28 de fevereiro de 1969 (hora local) quando Portugal Continental foi despertado por um forte sismo. A vibração durou alguns minutos, tendo causado estragos acentuados, sobretudo no Algarve, e mais de uma dezena de vítimas, muitas delas por comoção. O evento ocupou as primeiras páginas dos jornais durante vários dias, tendo-lhe sido dedicadas inúmeras notícias, umas mais trágicas, outras de carácter mais informativo e formativo e ainda outras que a esta distância podemos considerar divertidas ou mundanas. Victor de Sousa, na altura fotojornalista do Diário de Lisboa, fez a cobertura do sismo no Barlavento Algarvio, onde na edição do dia 2 de março, sob o título “Confirmação: o Algarve foi a maior vítima” dá conta que Fontes dos Louzeiros, uma povoação a 13 quilómetros de Silves, ficou quase completamente destruída.
Portugal Continental é uma região afetada por uma sismicidade moderada. Os sismos fortes não são frequentes e pode passar uma geração sem que um destes sismos ocorra. No entanto, a história mostra que sismos destruidores, como o de 1 de novembro de 1755, que também gerou um tsunami devastador, podem suceder. Já aconteceu no passado e o conhecimento que temos do Planeta dinâmico em que vivemos diz-nos que irão com certeza ocorrer no futuro, não sabemos é quando. Pode suceder na nossa geração, na dos nossos filhos ou dos nossos netos. É por isso nosso dever e obrigação estar preparados e preparar as novas gerações para o que pode acontecer a qualquer momento.
Os sismos mais fortes, como o de 28 de fevereiro de 1969, deixam na sociedade uma impressão duradoura que marca a sensibilidade duma geração para o fenómeno sísmico, estimulando e encorajando a participação ativa nas medidas de mitigação e um comportamento social responsável. Mas a memória desse evento esbate-se com a passagem do tempo (as testemunhas vivas têm hoje mais de 50 anos) e é por isso essencial passá-la às novas gerações como um alerta, um aviso.
A exposição “28 de fevereiro de 1969, memórias do sismo”, promovida pelo CERU (Centro Europeu de Riscos Urbanos) e pela SPES (Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica) com o apoio do Município de Albufeira, através do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) e do Museu Municipal de Arqueologia, tem como principal objetivo ajudar a preservar a memória coletiva do sucedido nessa data. “Lembrar o passado para compreender o presente e preparar o futuro, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis e de uma consciência pública preventiva para que os cidadãos saibam como atuar em caso de sismo é o que se pretende”. Recorde-se que Albufeira faz parte da Rede das Cidades Resilientes também designada por programa “Cidades Resilientes das Nações Unidas em Portugal”, pelo que a realização desta exposição, a nível municipal, visa reforçar a resiliência e a capacidade de resposta da comunidade local perante o risco sísmico.