Vai ter lugar amanhã, às 15h00, a conferência intitulada “Geoparque Algarvensis: desafios e oportunidades”, na Escola Secundária de Loulé, ao que se seguirá a inauguração de uma exposição, de caráter itinerante, intitulada “Vamos ser Geoparque Algarvensis; o que é isso? – um território aspirante a geoparque mundial da UNESCO”. A abertura desta conferência, depois da receção pela diretora da escola, Renata Afonso e pela diretora do Centro de Ciência Viva do Algarve, Cristina Veiga-Pires, ficará a cargo dos três presidentes dos Municípios responsáveis pela candidatura à UNESCO do referido geoparque, que terá a designação latina de Algarvensis. Depois do uso da palavra de Vitor Aleixo, Rosa Palma e José Carlos Rolo, será a vez de Artur Sá, coordenador da cátedra UNESCO em Geoparques, explicar em que consiste esta cátedra. A intervenção seguinte é da responsabilidade do investigador Otávio Mateus, da Universidade Nova de Lisboa e de Cristina Veiga-Pires, diretora científica do aspirante Geoparque Algarvensis. Presente estará ainda Elisabeth Silva, em representação do Embaixador José Filipe Moraes Cabral, Presidente da Comissão Nacional da UNESCO.
Esta ação decorre da já formalizada união de esforços entre a vertente científica e a administrativa, com vista a solidificar ações que justifiquem a submissão da candidatura à UNESCO, no biénio 2021-2022.
Esta formalização ocorreu na passada segunda-feira, no Salão Nobre do Município de Loulé, com a assinatura do “Protocolo de colaboração celebrado entre os Municípios de Loulé, Silves e Albufeira e a Universidade do Algarve-Centro de Investigação Marinha e Ambiental”, com vista a “cumprir com todos os passos necessários enquanto aspirantes a Geoparque Mundial da UNESCO – Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira até à constituição de uma associação” (cláusula 1ª). O momento contou com uma forte afluência de interessados neste grande projeto regional. A referida associação deverá estar juridicamente constituída já no próximo ano. A ideia da criação de Geoparque na região, parte da descoberta de um fóssil de uma espécie extinta, o Metopossaurus algarvensis, anfíbio de há 227 milhões de anos com cerca de uma metro de comprimento, semelhante a uma salamandra, na Jazida da Penina (Loulé).
A partir deste dado, o investigador Otávio Mateus alertou o presidente da Câmara Municipal para a potencialidade da área, no sentido de se constituir um geoparque. O autarca louletano, Vitor Aleixo, confessa que “não poderia deixar de agarrar” esta oportunidade, pois constitui a possibilidade “de contrariar o declínio demográfico, económico e natural do Algarve”. Desde há cerca de dois anos que o município louletano tem vindo a trabalhar nesta questão. Na altura da definição dos limites geográficos, os limites do Jurássico definiram a linha do geoparque, abrangendo assim os concelhos de Silves e Albufeira. “É um grande projeto para o interior algarvio, tem tudo para ser um projeto vencedor”, referiu Vitor Aleixo no dia da assinatura do protocolo, corroborado pelos restantes autarcas. “É o território que nos une, o Algarvensis, e que esta palavra se torne conhecida em todo o mundo”, justificou Rosa Palma, presidente do Município de Silves.
Por seu turno, o autarca de Albufeira, que aceitou o desafio “de imediato”, está totalmente empenhado no projeto: “uma palavra tão estranha como metopossaurus, foi capaz de unir três autarcas de diferentes cores partidárias; isto, porque há problemas comuns. Este perímetro veio reforçar o nosso envolvimento na questão da interioridade e do ambiente; temos um interior depauperado por oposição a um litoral profundamente turístico”, realçou José Carlos Rolo, que voltou a mencionar a necessidade de debelar a sazonalidade na ótica da economia regional. Para José Carlos Rolo, este projeto “deverá reunir todas as condições para uma sustentabilidade do interior algarvio”, pelo que o “esse futuro começa hoje, com este protocolo, e vai continuar a encorpar-se rumo a este desiderato”, mediante um corpo de ações “mais sistémico e organizado. Por enquanto, é necessária tranquilidade. Todos vão ouvir falar do Geoparque Algarvensis”.
O perímetro do Geoparque foi esclarecido pela diretora científica do projeto, membro do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (UALg) e diretora do Centro de Ciência Viva, Cristina Veiga-Pires e que são “os limites do Jurássico, em que a Norte, Leste o Oeste é o limite dos concelhos, e a Sul pode seguir a Auto-Estrada e a EN125”. Esta delimitação compreende, por enquanto, 25 geossítios, ainda não documentados, mas Cristina Veiga-Pinto afirma que é necessário “descobrir novos geossítios” e “fazer ainda muita investigação”, não obstante de os três Municípios terem já “muita coisa feita em termos de património, cultura e percursos pedestres, que têm uma geologia por detrás”. Destes geossítios assinalados fazem parte, por exemplo, as minas de Sal-gema (Loulé), os calcários do Escarpão (Albufeira) e o Grés (Silves).
De concreto, o que os municípios e a universidade vão fazer é “utilizar o território e preservá-lo numa ótica de sustentabilidade ambiental e, por arrastamento, também turístico e económico”, salientou o reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas. Para isso, o Centro de Investigação Marinha e Ambiental, com 20 anos já celebrados e dirigido por Maria João Bebiano, tem membros científicos com ligações à UNESCO e às Nações Unidas, entre a sua centena de investigadores, e afirma o seu empenho neste projeto.
A candidatura a Geoparque da UNESCO será submetida no biénio 2021/22, mas enquanto aspirante irá desenvolver diversas ações com vista a sensibilizar toda a população para este “futuro” algarvio.