Foi apresentado na manhã do passado dia 18 de março, via streaming e em presença, a partir do Salão Nobre dos Paços do Concelho, o “Albufeira 21 Summit”, um conjunto de conferências e debates com especialistas, políticos e elementos da comunidade local, em torno das quatro Agendas centrais que integram a Estratégia Portugal 2030 para o desenvolvimento da economia, da sociedade e do território de Portugal no horizonte de 2030. A apresentação deste programa, para além do presidente do Município, contou com as presenças de Eduardo Dâmaso, diretor da revista Sábado, Rui Justo, presidente da Assembleia geral da APAL e do complexo hoteleiro Balaia Village e ainda Patrícia Seromenho, provedora da Santa da Misericórdia de Albufeira, bem como da comunicação social.
Esta iniciativa pretende potenciar Albufeira como destino enquanto “Capital do Turismo” e debater os grandes temas levantados pela pandemia, assim como perspetivar o futuro de Portugal, enquadrando a situação do Algarve e de Albufeira em particular. Ao longo de três dias, 8, 9 e 10 de abril, o “Albufeira 21 Summit”vai juntar políticos, jornalistas, especialistas de diversas matérias e forças vivas locais, em torno de questões cujos debates serão transmitidos por vai digital, a partir do Auditório Municipal de Albufeira.
Sobre a mesa, as quatro Agendas que norteiam a Estratégia Portugal 2030, aprovada na reunião do Conselho de Ministros de 29 de outubro de 2020, a qual consubstancia a visão do governo para a próxima década, sendo o referencial para os vários instrumentos de política, como sejam o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e o próximo quadro comunitário de apoio 2021-27 (Portugal 2030), com a intenção primordial de recuperar a economia e proteger o emprego, bem como fazer da próxima década um período de recuperação e convergência de Portugal com a União Europeia, assegurando uma maior resiliência e coesão, social e territorial.
“Vamos tentar dar um contributo adequado ao futuro de Albufeira”, referiu José Carlos Rolo, “pelo que este ‘summit’ vai ajudar-nos a pensar, a ouvir acerca da dimensão dos problemas, bem como de possíveis soluções”. O autarca justificou que será para que “na altura de chegar a ajuda prometida da União Europeia, a ‘bazuca’, possamos estar preparados com as melhores soluções, a começar pela primeira agenda, que visa equilibrar as oportunidades das pessoas. Primeiro as pessoas”.
Refira-se que a Agenda 1 coloca as pessoas no centro das preocupações e pretende promover uma sociedade mais inclusiva e menos desigual, respondendo ainda aos desafios da transição demográfica e do envelhecimento; a Agenda 2 versa sobre a transição digital e à indústria 4.0 especialmente no que se refere às novas dinâmicas de crescimento setorial pós-COVID. Sobre esta temática, José Carlos Rolo salientou que “as tecnologias não são apenas más e neste período de pandemia disseram-nos que é possível o teletrabalho, as aulas, as reuniões e esta é uma realidade que acompanha a mudança do paradigma social”. A Agenda 3 está focada na transição climática e na sustentabilidade, lembrando o autarca do “sério problema que o Algarve tem ao nível da agua e só não temos um problema paralelo à da Covid porque tivemos dias de fortes chuvas, mas desde 2005, em que a seca se fez sentir, que nada foi feito para além da barragem de Odelouca. Temos a sorte de estarmos rodeados de mar e sabemos hoje que a dessanilização já não é o problema que foi há uns anos atrás”. A Agenda 4 visa a coesão territorial, a fim de promover um desenvolvimento harmonioso do conjunto do território nacional e, em especial, contribuir para reduzir a disparidade entre os níveis de desenvolvimento das diversas regiões, acrescentando José Carlos Rolo que “novas medidas terão que ser tomadas para acabar com a separação de litoral e interior”.
O representante da Cofina e diretor da revista Sábado, Eduardo Dâmaso, apontou que “se não for a sociedade civil a fazer esse tipo de debate, dificilmente ele será feito a partir de Lisboa e do modo de como as regiões se organizarem vai depender muito o futuro para que não seja ainda mais triste e cinzento”. Este co-organizador refere que o “Albufeira 21 Summit” vai procurar “a definição das verdadeiras âncoras às quais os cidadãos se possam agarrar no futuro”, sendo que “as instituições, nomeadamente as câmaras, estão a ter um papel essencial nessa questão”.
Rui Justo, presidente da Assembleia geral da APAL e do complexo hoteleiro Balaia Village disse que já desistiu de fazer orçamentos para o ano turístico e afirmou que “criar sinergias entre entidades e comunicar, é de louvar. O meu testemunho é o da hotelaria. Albufeira concentra 40 % da oferta hoteleira da região e tem que se posicionar nesse contexto. Se no início de 2020 nos dissessem o que iria acontecer, ninguém acreditaria; 2018 e 2019 foram anos fantásticos e em 2020 os orçamentos tiveram que ser atualizados mês a mês com alterações a grande velocidade. A hotelaria tem vivido momentos muito complicados. Os resultados do INE apontam para uma quebra de receitas de 80%, sendo que no ano passado foi de 60%, face a 2019”. O que nos espera tem alguma incerteza”. Rui Justo deu ainda o exemplo da Turquia que providenciou a vacinação primordial aos profissionais do turismo, com vista a dar segurança a quem os procura para férias. “Somos resilientes, e vamos acreditar que 2021 não seja pior que 2020”, concluiu.
O consultor de Turismo Délio Pescada apresentou a sua experiência na Croácia neste campo, afirmando que “as pessoas sem objetivos não chegam a conclusões. Albufeira tem um potencial brutal, pode continuar a crescer e deve crescer”. O especialista apontou que “Albufeira tem mais para construir, é preciso estar muito atento especialmente à concorrência” e a par da Turquia, salientou o exemplo da Grécia que “já negociou com os ingleses o seu destino turístico”, pelo que “não podemos ser ignorados. Nós sem os ingleses não vamos lá.”
Por último, Patrícia Seromenho, salientou que a Covid pôs à prova não só o papel e a capacidade das Misericórdias, como também da ação social das autarquias. “Em nove anos que tenho de experiência, pensava ser impossível acontecer o que vivemos especialmente nos últimos três meses; presenciei testemunhos que nunca pensei presenciar”. Esta responsável salientou também que “Albufeira, e o Algarve, é uma realidade diferente. Fomos o exemplo da primeira linha, e soubemos ser e estar e muito em especial esta cidade soube salvar vidas. Demos um forte contributo para que as pessoas não sentissem a fadiga de estar em casa, porque houve mortes”. Para Patrícia Seromenho, há que apostar na “economia circular”, ou seja, procurar alternativas àquilo que era o paradigma no Turismo, na medida em que “não vai voltar a ser o que era e para que volte a ser, tem que pensar, refletir e isto é também economia circular”.
À pergunta da jornalista Elisabete Rodrigues sobre o ponto da situação quanto ao plano estratégico de Albufeira, José Carlos Rolo informou que deverá estar concluído em “meados de maio”.
O “Albufeira 21 Summit” vai ter uma forte amplificação mediática nos meios Cofina em imprensa, digital e televisão, com forte incidência da CMTV, Revista Sábado e Jornal de Negócios, bem como diversos órgãos de comunicação social regionais.