Boa disposição, bom acolhimento e excelentes vistas da vinha até ao mar, assim foi a tarde do passado dia 3, na Quinta do Canhoto, onde a Territórios Criativos, responsável pela formação dos primeiros participantes na incubadora de empresas, a Startup Albufeira, apresentou os mentores e seus novos projetos empresariais. Uma economia circular, criativa e com recurso às novas tecnologias, foi a tónica comum dos nove projetos, tendo sempre em conta o turismo e a criatividade.
“Albufeira está focada no alavancar de dinâmicas relacionadas com a inovação, a investigação e o desenvolvimento e é por isso mesmo que a nossa incubadora de negócios, a Startup Albufeira, tem dois polos complementares”, refere Cristiano Cabrita, vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que também fez as honras de abertura deste encontro. Refira-se que um dos polos é dedicado à Criatividade e ao Turismo e encontra-se situado no CAE - Centro de Acolhimento Empresarial, na Rua das Escolas, em Albufeira. O outro, dedicado aos Produtos Endógenos e à Gastronomia, já está pensado para Paderne, na antiga escola do 1º ciclo. “ Este bootcamp insere-se neste contexto e saímos daqui mais ricos”, concluiu Cristiano Cabrita, avançando que irá “tentar abraçar as ideias que aqui foram apresentadas, pois há nelas trabalho e sentido de risco e sem dúvida de que apoiaremos algumas destas iniciativas, cuja qualidade foi tremenda”. No final, disse estarem previstas para janeiro mais ações no âmbito do empreendedorismo.
O momento contou ainda com uma conferência moderada pela jornalista Elisabete Rodrigues, diretora do Sul Informação, sob o tema “O perfil do novo turista”, na qual participaram Alexandra Gonçalves, diretora da ESGHT da Universidade do Algarve, João Paiva Mendes, diretor executivo da Boost e Miguel Neto, empresário turístico, cujo avô foi o fundador do Hotel Baltum, a primeira unidade hoteleira de Albufeira. Não houve nenhuma definição de perfil, dada a volatilidade de gostos e de opções, mas ficou firme que importa definir o posicionamento do destino e de como o manter competitivo nos próximos dez anos. Alexandra Gonçalves apontou o estudo desenvolvido recentemente na região em torno do turismo criativo por oposição ao turismo massificado, beneficiando economicamente a economia em meio rural. Miguel Neto apontou a importância da proximidade e da comunicação em presença, mesmo quando os meios digitais imperam e João Paiva Mendes acentuou não haver nenhum “novo perfil” mas sim novas formas de fazer turismo e novas motivações.
Fortemente aplaudidos foram os projetos, nomeadamente: Our Pack (experiências acessíveis para estudantes), Activ’Art (experiências artísticas que vão desde a realização de ‘tours’ a workshops ligados à arte), Imaginatus (atividades lúdico-sensoriais que têm a imaginação como fonte de desenvolvimento pessoal), Wine Not (aplicação informática com rotas, preços e recomendações por especialistas em enologia), Atelier Criativo (residências artísticas para crianças e jovens), Sal Sabe (gastronomia de Cabo Verde), Ponto Nato Atelier (peças de arte a partir de reciclagem e de recursos naturais, já a operar a partir de Paderne), In’Art (experiências lúdicas e artísticas para crianças com necessidades especiais) e Quinta Coelho (potencialização de produtos endógenos de uma quinta na freguesia da Guia, legada pelos avós, com acento na sustentabilidade).
Quem enalteceu esta iniciativa do Município de Albufeira, foi Carlos Abade, vogal do conselho diretivo do Turismo de Portugal, I.P., deixando duas mensagens. A primeira foi a da “confiança”, apontando que depois de cerca de 20 meses difíceis para as empresas do setor, mas graças “à capacidade de resiliência e de adaptação” do Estado e das empresas, “podemos falar hoje em retoma da economia”. E explicou: “3,2 mil milhões de euros de apoio foram disponibilizados no último ano e meio, o que foi essencial para preservar o capital produtivo e humano. Olhando para o segundo semestre do ano, tivemos a surpresas boa de ver a nossa capacidade de recuperação quase imediata”. Aquele responsável não tem dúvidas de que “o Turismo tem um futuro promissor e um papel fundamental”. A segunda mensagem prendeu-se “com o que se está a passar aqui”, ou seja, a apresentação das novas ideias para o setor. Carlos Abade reiterou que “é sobre a inovação que se tem de fazer a base da produtividade e da eficiência. Não é possível crescer se não estivermos sempre a inovar. Albufeira inovou quando criou esta incubadora”, a Startup. Terminou a sua intervenção com o poema “Para ser grande / Sê inteiro”, de Ricardo Reis. Foi secundado por Luís Matos Martins, responsável pela Territórios Criativos, que fez a apresentação de todo o programa da tarde. “Este primeiro bootcamp foi dedicado ao turismo e criatividade” e “foi um salto de fé. O empreendedorismo sempre existiu em Albufeira, mas diz-se que o futuro é de quem o faz”. No final, houve um convívio e provas de vinho da Quinta do Canhoto.