DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS ASSINALADO EM ALBUFEIRA COM CONFERÊNCIA SOBRE “PORTUGAL NA II GUERRA MUNDIAL – O CAIS DA EUROPA”

Depois de amanhã, 18 de maio, celebra-se o Dia Internacional dos Museus, este ano sob o tema “O poder dos Museus”. Para assinalar a data, o Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira organizou uma conferência intitulada “Portugal na II Guerra Mundial – o cais da Europa” a ter lugar às 10h00 na Escola Secundária de Albufeira e às 16h00 no Museu Municipal de Arqueologia, com entrada gratuita. O conferencista é Carlos Guerreiro, elemento da equipa “RTP Ensina” e vai falar-nos de uma Lisboa num tempo em que acolhia refugiados, exilados, espiões e muitos artistas.

Depois de amanhã, 18 de maio, o Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira assinala o Dia Internacional dos Museus, este ano sob o tema “O poder dos Museus”. Neste âmbito, o jornalista Carlos Guerreiro irá apresentar uma palestra intitulada “Portugal na II Guerra Mundial – o cais da Europa”. Será às 10h00 na Escola Secundária de Albufeira e às 16h00 no Museu Municipal de Arqueologia, com entrada gratuita.

Recorde-se que em março de 1939, o Estado Português havia assinado um Tratado de Amizade e Não Agressão (conhecido como Pacto Ibérico) com a Espanha nacionalista, pelo que Lisboa tornou-se um ponto de destino de milhares de refugiados, que reformariam os hábitos da capital lusitana.

Aos numerosos emigrantes, refugiados e exilados, em trânsito para a América, juntaram-se também espiões, agentes vindos da Alemanha nazi, ingleses e americanos, todos com alguma missão a cumprir. Era uma cidade pouco desenvolvida com bairros de trabalhadores, varinas e ardinas pelas ruas, mas que rapidamente se alterou. A par deste movimento, outros chegavam motivados pela Grande Exposição do Mundo Português (sobretudo a partir de junho de 1940), inaugurando-se o evento com a pompa e circunstância que a neutralidade portuguesa permitia. A pacata capital assiste a uma grande enchente de estrangeiros que, surpresos com a reluzente metrópole, não param de chegar às gares ferroviárias, marítimas e aéreas. Nubar Gulbenkian (1896-1972), filho de Calouste Gulbenkian (1869-1955), diz na sua autobiografia que “muitas famílias judias chegavam a Lisboa em Rolls Royces que eram depois abandonados nos cais por aqueles que tinham conseguido um visto e um bilhete para atravessar o Atlântico”. Deste movimento dá conta a  revista “Mundo Gráfico” de 30 de Janeiro de 1941 num artigo intitulado “Gente sem lar”, onde se lê: “A meio da tarde, no cais cheio de rumores, havia um movimento confuso e incessante de gente e preparativos derradeiros de abalada. Era uma multidão triste, com um ar apreensivo e resignado dos que partem forçados pelas contingências da sorte e deixam em qualquer lugar distante os restos de vidas desfeitas e pedaços da própria alma”.

Carlos Guerreiro é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Algarve e possui mestrado em História Marítima pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e da Escola Naval. Enquanto jornalista colaborou com periódicos, rádios e televisões. Neste momento trabalha no programa “RTP Ensina”. Em 2008 publicou o livro “Aterrem em Portugal!” com histórias de aviadores de países beligerantes que por razões diversas tinham terminado as suas viagens em Portugal durante a II Guerra Mundial. Liderou a pesquisa para encontrar refugiados para o documentário “Debaixo do Céu” de Nicholas Oulman, estreado em 2018 e contribuiu para a série “A Espia” que passou na RTP em 2019. É autor do blogue “Aterrem em Portugal!” e criador do site “Portugal 1939-1945” onde se podem encontrar histórias e informações sobre Portugal durante o período da II Guerra.

Refira-se que o Dia Internacional dos Museus foi criado em 1977 pelo ICOM – Conselho Internacional de Museus, no sentido de promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos museus no seu desenvolvimento.

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