O Município de Albufeira vai promover três formações sob a designação de “Lancheira Saudável”, no sentido de sensibilizar os encarregados de educação, professores, pais e educadores para a importância de escolherem e combinarem os melhores alimentos para as crianças. São formações de duas horas e meia sobre receitas e dicas para preparar lanches saborosos, rápidos, nutritivos e económicos. Estas ações incluem a degustação dos lanches preparados e as crianças também podem participar. Os workshops vão ter lugar sempre nos horários 10h00-12h30 e serão a 14 de março na Cantina EB1 dos Caliços (inscrição até dia 6 de março de 2020), a 9 de maio, na Cantina EB1,2,3 Guia (inscrição até dia 30 de abril de 2020) e a 30 de maio na Cantina do Centro Educativo do Cerro do Ouro (inscrição até dia 22 de maio de 2020).
A participação é gratuita, mas de inscrição obrigatória, na medida em que há vagas limitadas, e deverá ser efetuada para ana.filipe@cm-albufeira.pt ou dulce.bernardo@cm-albufeira.pt.
Esta iniciativa decorre de um estudo efetuado pelos técnicos do Município de Albufeira, iniciado há cerca de um ano, no âmbito do projeto municipal “Nutrimexe”, o qual tem como objetivo realizar um conjunto de estratégias inerentes à questão que é já considerada como a “Epidemia do Século XXI”, a problemática da obesidade infantil.
A primeira fase, decorrida entre março e dezembro de 2019, passou pela recolha de dados para avaliar a prevalência da obesidade infantil no concelho de Albufeira, assim como caracterizar os hábitos alimentares e de atividade física das crianças do 1.º ciclo do ensino básico da rede pública do concelho de Albufeira, pertencentes aos três agrupamentos de escolas de Albufeira.
O Município de Albufeira decidiu realizar o presente estudo para conhecer em pormenor o estado nutricional dos alunos do seu concelho e comparar com os dados do levantamento realizado em 2011/12, uma vez que os dados que existem são do COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative) - Portugal (coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge) que só refletem os dados regionais e nacionais. Até à presente data não há conhecimento de nenhum Município a Sul do país ter realizado este tipo de estudo com os seus próprios recursos, na medida em que contou com a colaboração dos técnicos de Nutrição e de Educação Física.
O Presidente do Município e Vereador da Educação, José Carlos Rolo, mostra-se satisfeito por saber que o Município tem agora dados concretos para “poder trabalhar. Em causa está o bem estar da criança e a sua saúde. A alimentação influencia o sucesso escolar e queremos que as nossas crianças tenham o que lhes é imprescindível. Comer bem para crescer melhor é o nosso lema, pois este crescer é não só físico, mas também ao nível do conhecimento.”
Atualmente existe uma taxa de prevalência da obesidade infantil nas crianças do 1.º ciclo do ensino básico da rede pública do concelho de Albufeira de 15,4%, de excesso de peso (pré-obesidade) 19,1%, de peso normal 63,9% e de baixo peso 1,6%. A prevalência da obesidade incide mais nos rapazes, o excesso de peso nas raparigas e o baixo peso nos rapazes.
Comparativamente aos resultados obtidos em 2011/12 constatou-se que a taxa de prevalência da obesidade e de baixo peso manteve-se, já no que concerne à taxa de excesso de peso (pré-obesidade) verificou-se um aumento (de 14% para 19,1%).
Relativamente aos resultados dos questionários aplicados aos pais e/ou encarregados de educação obtiveram-se os seguintes resultados:
No que respeita ao tempo médio que os alunos despendem a ver televisão, a jogar videojogos, e que estão ao computador, tablet e telemóvel, a maioria (49,5%) dos pais e/ou encarregados de educação considera que os seus filhos passam menos de uma hora, seguido de 40,5% que considera que são despendidas entre 2 a 3 horas com os media. Na questão da prática de atividade física 52,6% pratica algum tipo de desporto fora da escola e 47,1% não pratica qualquer tipo de atividade. Constatou-se que 27,4% dos pais e/ou encarregados de educação não manifestam preocupação com o peso dos seus filhos e, por oposição, 25,7% manifestam estar sempre atentos a essa questão.
Relativamente aos resultados dos questionários aplicados aos alunos relativamente aos seus hábitos alimentares constatou-se que, a percentagem de alunos que não toma o pequeno-almoço em casa antes de ir para a escola é de 4,8%. Outros dados: a maioria das crianças inquiridas não come sopa ao jantar, assim como quase metade dos alunos não ingere outros legumes, salada e/ou legumes cozinhados, no 2.º prato. Quanto ao número de peças de fruta ingeridas diariamente a maioria das crianças (74,6%) consome mais do que uma peça, no entanto 25,4% ingere uma ou menos. A questão do aumento do consumo de fruta, comparativamente a dados anteriores, deve-se essencialmente à prática adotada por parte da autarquia que distribui diariamente uma peça de fruta aos alunos do pré-escolar e do 1.º ciclo, promovendo assim uma oferta alimentar mais equilibrada e saudável no dia-a-dia das crianças.
No que concerne à questão dos lanches, a maioria das crianças leva lanche para a escola, mas 11,6% não têm esse hábito.
A questão que nos suscitou maior preocupação foi a qualidade nutricional dos lanches. Constou-se que os resultados obtidos comprovaram que apenas 32,6% das crianças consome alimentos saudáveis, com baixo teor de gordura, açúcar e sal, e 67,4% consome alimentos de baixa qualidade nutricional, tais como os croissants, pães de leite, panquecas, bolos, “Bollycaos”, bolachas de chocolate, leite achocolatado ou aromatizado e sumos e/ou refrigerantes, destacando-se o “Ice Tea” como o sumo/refrigerante mais consumido.
No que respeita à prática de atividade física fora da escola, 50,8% das crianças inquiridas respondeu que não pratica qualquer tipo de desporto, o que não corresponde ao valor obtido nos inquéritos aplicados aos pais e/ou encarregados de educação. Ou seja, há contradição entre as respostas das crianças e as dos pais e/ou encarregados de educação, dado que a percentagem de respostas afirmativas nesta questão é superior às negativas, no segundo caso. Por outro lado a maioria das crianças respondeu que não pratica atividade física fora da escola.